Lobato encaminha a Getúlio Vargas longo documento intitulado “Memorial sobre o problema siderúrgico brasileiro”, onde expõe uma vez mais a importância econômica do ferro, as vantagens do processo Smith e historia seu esforço para que fosse implementado no Brasil. De acordo com Lobato a exploração do ferro através deste método possibilitaria a exploração racional das reservas de ferro. Desanimado com a indefinição governamental, cria em sociedade com Fortunato Bulcão o Sindicato Nacional de Indústria e Comércio, constituído a 30/5 desse ano. Mas a empresa não consegue superar dificuldades técnicas e políticas, e em 1933 acaba desfeita.
No final do ano, “estão prontos todos os planos para o lançamento da Cia. Petróleo do Brasil, inclusive os prospectos. O programa inicial consiste em levantar pequeno capital, exclusivamente para as experiências com o aparelho Romero, indicador de óleo e gás, e no qual alguns entendidos depositam profundas esperanças.”. Cansado de apelar aos poderes oficiais, Monteiro Lobato dirige-se ao público.
“Tenho em composição um livro absolutamente original, Reinações de Narizinho – consolidação num volume grande dessas aventuras que tenho publicado por partes, com melhorias, aumentos e unificações num todo harmônico. Trezentas páginas em corpo 10 – livro para ler, não para ver, como esses de papel grosso e mais desenhos do que texto. Estou gostando tanto, que brigarei com quem não gostar. Estupendo, Rangel!”
Início da correspondência entre Monteiro Lobato e Getúlio Vargas. Getúlio, por intermédio de Ronald de Carvalho, oferece a Monteiro Lobato novas oportunidades a serviço do governo. Lobato recusa o convite.
Lançamento de “Ferro”, livro mais tarde re-editado junto com “O escândalo do Petróleo”. Lançamento de “O pó de Pirlimpimpim”, fascículo e finalmente “As Reinações de Narizinho”, livro carro chefe da obra de Monteiro Lobato. Alem disso também lança a adaptação de Robinson Crusoé e de Alice no país das maravilhas. Todos pela Companhia Editora Nacional.
Inaugurado o Cristo Redentor, no morro do Corcovado, Rio de Janeiro.
Lançamento de “América” e “Viagem ao Céu”. Adaptação de “Contos de Andersen” e “Contos de Grimm”. Publicado em São Paulo o livro Die Alte Fazenda, com contos de Lobato vertidos para o alemão.
Conflito militar entre a Bolívia e o Paraguai pela posse da região do Chaco, rica em petróleo.
Pelo decreto 21.265, a Companhia Petróleo Nacional, incorporada por Monteiro Lobato, Lino Moreira e Edson de Carvalho, entre outros, é autorizada a funcionar e será responsável pelas prospecções em Riacho Doce, Alagoas.
Pelo decreto 21.415, a Companhia Petróleos do Brasil, incorporada por Monteiro Lobato, Manequinho Lopes e L. A. Pereira de Queiroz, é autorizada a funcionar e, em agosto desse mesmo ano, dá início às prospecções no campo de Araquá [hoje no município paulista de Águas de S. Pedro].
Explode a Revolução Constitucionalista em São Paulo.
Em carta-manifesto pela democracia brasileira, dirigida a Waldemar Ferreira, secretário da Justiça e Segurança Pública do Governo Constitucionalista Revolucionário de São Paulo, Lobato faz críticas ao “militarismo federal” e considera a insurreição uma “guerra de independência”, declarando que: “São Paulo, depois da vitória, deverá expressar-se na fórmula Hegemonia ou Separação”, título que deu ao documento.
Purezinha, Ruth e Guilherme se mudam para Campos de Jordão por causa do súbito diagnóstico de Tuberculose em Guilherme. Monteiro Lobato permanece em São Paulo mas visita a família regularmente.
O presidente norte-americano Franklin Roosevelt introduz o New Deal, programa de reformas para dar fim à crise econômica iniciada em 1929. Adolf Hitler torna-se primeiro ministro na Alemanha.
Lançamento de “Na Antevéspera”, “História do Mundo para Crianças”, “As caçadas de Pedrinho” e “Novas reinações de Narizinho”.
Realizadas as eleições para a Assembléia Constituinte. Pela primeira vez no Brasil uma mulher é eleita para a Câmara dos Deputados.
Sob a liderança de Mao Tsé Tung, começa a Longa Marcha dos comunistas chineses.
Lançamento de “Emília no país da Gramática”. “Adaptação dos Contos de Fadas”, de Perrault. Traduções: “Kim, O lobo do mar”, “Pollyana”, “Pollyana Moça”, “Aventuras de Huck”, “Jácala, o crocodilo”, “O homem invisível”, “O Doutor Negro”, “A filha da neve e Diamante Negro”.
Getúlio Vargas é eleito presidente da República pela Assembléia Constituinte.
Getúlio Vargas oferece – e Monteiro Lobato recusa – a direção do Departamento de Propaganda e Difusão Cultural, criado em julho daquele ano.
Lançamento de “Contos leves”, “Aritmética da Emília”, “Geografia de Dona Benta” e “História das invenções”. Traduções: “A ilha das almas selvagens”, “Cleópatra”, “A ponte São Luís Rei”, “História da Filosofia” (com Godofredo Rangel), “O grito da Selva”, “O crime do cassino”, “Scarface”, “Tarzan o Terrível”, “O pequeno César e Moby Dick”.
Lançada no Rio de Janeiro a ANL, movimento de massas antifascista. Em 11/7 decreto de Vargas coloca a organização na ilegalidade.
Companhia Editora Nacional publica o livro “A luta pelo petróleo”, de Essad Bey, em tradução de Charlie W. Frankie revista e prefaciada por Monteiro Lobato.
Eclode uma rebelião em Natal, organizada pela ANL e esmagada três dias depois. No dia 24, quartéis de Pernambuco também se rebelavam e, no dia 27, foi a vez do 3º RI do Rio. Com o fracasso do movimento – conhecido como Intentona Comunista – tem início um longo período de perseguições políticas no país, com a criação de leis e tribunais de exceção.
Edgard Monteiro Lobato casa-se com Gulnara Monteiro Lobato de Moraes.
Guilherme tem alta da tuberculose e a família volta para São Paulo.
Começa a Guerra Civil Espanhola.
Lançamento de “Dom Quixote das Crianças” e “Memórias da Emília”. Tradução de “A ceia dos Acusados”.
Por unanimidade de votos, Lobato é eleito para a cadeira 39 da Academia Paulista de Letras.
Chega às livrarias “O Escândalo do Petróleo”, com duas edições esgotadas nesse mesmo mês, seguidas de mais três até o final do ano, totalizando 20 mil exemplares vendidos.
Lobato compra a União Jornalística Brasileira, criada três anos antes por Menotti del Picchia.
O Diretório Estadual da ANL de São Paulo envia carta a Lobato aplaudindo entusiasticamente O escândalo do petróleo.
Lançamento de “O poço do Visconde”, “Serões de Dona Benta” e “Histórias de Tia Nastácia” e da adaptação das “Viagens de Gulliver”.
Tropas cercam e dissolvem o Congresso. Getúlio Vargas anuncia o Estado Novo e entra em vigor a Constituição da ditadura.
Conferência de Munique decide pelo desmembramento da Checoslováquia.
Lobato escreve a peça O museu da Emília, para ser encenada na Biblioteca Infantil Municipal de São Paulo. Lançado em Buenos Aires pelo Editorial Claridad “Don Quijote de los niños”, em tradução de Benjamin de Garay. “Travesuras de Naricita Respingada”, “Tremendas cacerias de Pedrito”, “Los contos de la negra Nastacia” e mais oito títulos já haviam sido publicados pela mesma editora na Argentina.
Guilherme morre em São Paulo de Tuberculose galopante.
Criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP).
Em carta a Getúlio Vargas, Lobato conclama o presidente à defesa da soberania brasileira na questão do petróleo e faz graves denúncias contra o Departamento Nacional de Produção Mineral.
Realiza-se a assembléia de constituição da Companhia Matogrossense de Petróleo, incorporada por Monteiro Lobato, Vítor do Amaral Freire e Octalles Marcondes Ferreira, entre outros. Fará prospecções em Porto Esperança, região do município de Corumbá, no coração do Pantanal, em área vizinha aos ricos territórios petrolíferos do Chaco.
Adolf Hitler invade a Polônia e, dois dias depois, a Inglaterra e a França declaram guerra à Alemanha. Tem início a Segunda Guerra Mundial.
Nasce Rodrigo Monteiro Lobato, neto de Monteiro Lobato.
Lançamento de “O Picapau Amarelo” e “O Minotauro”. Traduções: “Rumo às Estrelas”, “Evolução da Física” e “Os grandes pensadores”.
No poço de Lobato [localizado num subúrbio de Salvador, Bahia, em terras que no século XVI pertenceram ao fazendeiro Vasco Rodrigues Lobato, de onde se originou sua denominação], é descoberto oficialmente o petróleo no Brasil.
É criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), encarregado da censura aos meios de comunicação e da propaganda oficial do Estado Novo.